domingo, 23 de outubro de 2011

Cultuando a fertilidade

Texto: Rafael Lima
Como é difícil lembrar o que é a fertilidade para os povos antigos.
Temos que levar em conta muitos fatores como a expectativa de vida pior e a mortalidade infantil. Para manter uma aldeia ou nação segura, eles precisavam ter mais filhos. Ter filhos era sinônimo abundancia, felicidade e prosperidade. E assim a comparação com as colheitas, sementes da Terra, era absolutamente natural.
é aqui onde mora a essência da Bruxaria
Fazer rituais para a fertilidade não era questão de modismo ou diversão, mas muita necessidade. Todos queriam aquilo com todas as forças.
Mas o quer dizer a fertilidade? Quer dizer vida, do jeito mais simples e pura. A fertilidade jamais descansa; fica sempre se renovando, mudando constantemente, como tudo na própria vida. Não por acaso o tema do sabbath de Beltane é a vida em si.
Ou seja, o ato sexual por trás da fertilidade humana é algo normal e fundamental, uma força primitiva e natural a todos os seres. O sexo é tido como sagrado, porque de fato a vida é sagrada. E, como os bruxos acreditam que “como é em cima, é embaixo”, a fertilidade deve ser honrada de todas as formas.
É muito cômico ver hoje a alta classe dos intelectuais achando o sexo vergonhoso ou desrespeitoso, mas eles esquecem que trata-se de algo primordial. Nossa mãe e nosso pai fizeram sexo com prazer e assim nós nascemos. Pois é assim na Natureza e em tudo. Não devemos ter vergonha do que sentimos ou de nosso corpo; não existe “o pecado”. O que é natural não pode fazer mal.
Talvez isso tenha sido uma das grandes razões pelas quais o Cristianismo demorou tanto tempo para se instalar como religião oficial na Europa. Os povos do campo estavam muito bem, obrigada, celebrando seus rituais da fertilidade pedindo por filhos e uma boa colheita antes do inverno. A vida deles dependia de tudo isso. Não era uma religião nova que os faria mudar todos os seus conceitos que viviam no dia-a-dia há gerações.
A principal ideia por traz de um rito de fertilidade é nos conectar com forças que regem a vida para nos trazerem uma vitalidade renovada. E desse mistério criasse um sentimento plano de felicidade que engloba muitas religiões e tantas danças mágicas, especialmente quando se fala das danças circulares ou até aos rituais realizados na nudez. Não há o mal ou o SATÃ ou perversão, apenas Natureza.
Cultuar a lua é só um exemplo. Lua está ligada a menstruação, a Deusa e, e enfim, a fertilidade. Do mesmo jeito o Sol, fecunda a terra com força, seria um símbolo de fertilidade. A vida, gira em torno do culto à Natureza terrena, animal, humana, vegetal, enfim.
Um rito de fertilidade é o jeito mais puro de amor a si, ao seu parceira (ou parceiro), as pessoas e os bichos que amamos, a Terra, aos vegetais que plantamos e colhemos e as flores que vemos desabrochar.
Os bruxos hoje fazem esses ritos, eles o fazem com o espírito e não para vivenciarem de “orgias”, como muitas pessoas ignorantes sem um pingo de conhecimento falam por aí. Se as bruxos quisessem praticar “orgias” bastaria ver a TV ou ir à esquina mais próxima. A exploração sexual está em todo o lugar e nós bruxos evitamos isso. O ato sexual é visto sempre como sagrado; uma troca de energias vital. Difamar o sexo é difamar a própria vida.
Devemos pensar onde têm ritos assim hoje, até porque quase todos de nós moramos em grandes cidades. É que a fertilidade jamais será apenas material, ela é intelectual e espiritual. Não colhemos apenas coisas materiais, mas vemos florescer projetos que trabalhamos, entre muitas coisas.

Todos bruxos buscam paz de espírito dentro de uma filosofia de vida que se apegam com as forças pois acreditam que ali está sua essência. ''Bruxaria sempre foi e para sempre será cultuar à fertilidade. Os bruxos creem na vida, ao invés de condena-la. A Bruxaria é simples, assim tudo que é natural, apesar de complicarmos tanto. O ato sexual é uma coisas fundamental, e natural de todas, o que o faz um ato muito poderoso, quando compreendido de maneira correta.
Igual a qualquer religião, a Bruxaria evolui também. E a Arte das bruxos e bruxas é com certeza um grande ofício vivo. Forças criadoras não agem apenas no campo físico, mas nas música, artes, trabalho, estudos. Qualquer vida é um deserto sem a fertilidade, seja ela espiritual, física. Cultuar a fertilidade deve sempre estar tão viva hoje em dia quanto era a muito tempos atrás

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