sábado, 30 de julho de 2011

Um jardim de dor



 Ontem estava passando pelo jardim que fica na frente da igreja matriz. É um jardim bonito, com muito verde, barraquinhas de revistas, de flores, de quitutes os mais variados; as crianças, ao lado dos adultos, andam felizes com suas revistinhas, saquinhos de pipoca, sorvetes ou algodão doce. O jardim é um pouco o paraíso das crianças, pois aí, além de todas essas guloseimas, elas se sentem, ao lado dos adultos, as donas do jardim, o centro das atenções. Mas há também o outro lado que me impressiona: pessoas com problemas de saúde, desanimadas, sentadas ou displicentemente jogadas em algum canto do jardim. São meus irmãos. Porque estão lá?
Nós sabemos que tudo tem uma causa; certamente, houve antecedentes em sua história que, muitas vezes, independendo deles, os levaram a essa situação. Podia ser um parente nosso. Porque não? Somos todos vulneráveis e estamos nas mãos de uma realidade social e política que se preocupa muito pouco com o pobre, o necessitado, o carente. Eu procuro algumas vezes fazer alguma coisa. Sempre não, mais a maioria das vezes eu passo e nem os vejo, outras vezes sinto a prescença deles e tomo alguma iniciativa, recorrendo áqueles que têm influência; em outras situações ofereço algo, embora essa atitude pareça-me sempre um remendo.
Contudo, mesmo uma atitude imediata, que não sana em profundidade, tem o seu efeito. Teresa de Calcutá dizia que são necessários esses atos esporádicos de caridade e de dedicação para compensar aquilo que os outros deviam ter feito e não fizeram.

Retirado do livro: Como cultivar a maturidade

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